Albert Tió e Victor Segues, os dois membros da associação canábica de Barcelona Airam que permaneceram na prisão por um cultivo destinado a pessoas associadas ao clube canábico, receberam há pouco o terceiro grau. Trata-se do presidente da Federação de Associações Canábicas Autorreguladas da Catalunha (Fedcac) e de Airam, Albert Tió, e do seu ex-secretário Victor Segués, que cumprem pena no centro penitenciário de Lledoners. Descubra agora um pouco mais sobre a história e os motivos que os levaram a escrever este livro do qual a Cali Terpenes é patrocinadora, com um fantástico prefácio do famoso ativista Steve DeAngelo
Luz Verde à Liberdade, novo livro!
Pra quem não sabe do que estamos falando, vamos criar um pouco de contexto:
Antecedentes: ativismo canábico na Espanha e repressão
Os dois ativistas foram sentenciados em 2020 a 5 anos de privação de liberdade por pertencer à diretoria do clube social “AIRAM”, uma associação registrada e com licença cuja atividade teria sido perfeitamente legal se a lei Catalã de Associações de Consumo de Cannabis tivesse sido aprovada. Uma lei que na época foi aprovada e posteriormente cassada pelo Tribunal Constitucional. Após esgotar todos os recursos e ser condenados pelo Tribunal Supremo, Albert Tió denunciou a situação de injustiça e vulnerabilidade que enfrentam aqueles que, como ele, tentam promover organizações que favoreçam o consumo responsável. E é que, diante da falta de controle sanitário que ocorre no mercado negro, os clubes canábicos nasceram como uma ferramenta para garantir uma certa segurança no produto e em sua distribuição e, assim, facilitar ao usuário o acesso ao cannabis com certas garantias. Algo que é importante pra qualquer usuário, mas que ganha maior relevância pra aqueles que fazem uso medicinal da planta e requerem maiores medidas de segurança, bem como informações detalhadas sobre o conteúdo de cannabinoides e terpenos do cannabis.
Clubes canábicos na Espanha: um sonho que ficou pela metade
Há mais de uma década, ocorreu na Espanha o fenômeno dos clubes de cannabis, algo que não apenas serviu de modelo pra outros países europeus, mas que parecia o início da regularização do cannabis na península. O florescimento de centenas de clubes em todo o território espanhol trazia ares de mudança e de uma liberdade que muitos usuários há muito esperavam. No entanto, o que parecia o começo de uma legalização iminente logo se tornou uma zona cinzenta legislativa que trouxe não apenas condenações como as de Albert Tió e Victor Segués, mas também uma maior confusão em relação ao marco legal espanhol.
Consumo responsável e associações canábicas
A ideia por trás das associações de consumidores é, como mencionamos acima, garantir o acesso a um produto seguro aos usuários desse clube, reduzindo os riscos pra saúde associados ao consumo de cannabis; assim como normalizar o cultivo, consumo e distribuição do cannabis e seus derivados. Algo que acontece através de dispensários em países como os Estados Unidos onde a regularização do cannabis foi realizada (pelo menos a nível estadual). Uma regulação responsável e a descriminalização do cultivo e consumo de cannabis na Espanha têm sido, durante anos, as metas dos autores do livro, uma luta que os levou a cumprir pena na prisão de Lledoners. Uma represália legal que tanto Albert Tió quanto Victor Segués consideram injusta e que prova que impulsionar o debate pra agilizar as mudanças legislativas necessárias pra regular as associações canábicas é uma tarefa urgente.
Escrever como terapia dentro da prisão
Os autores deste livro afirmam que o projeto não começou como tal, mas que quando colocaram no papel as primeiras linhas não tinham a intenção de transformar essas reflexões em um livro; mas sim, comentam, tratava-se de um exercício que os ajudava a processar emocionalmente a dura experiência que estavam atravessando. Escrever se tornou uma maneira de escapar do pensamento negativo e ruminante, assim como de aumentar sua resiliência diante da adversidade. Desde o primeiro dia em que pisaram na prisão, os dois começaram a escrever um diário que, mais tarde, se tornaria uma crônica em duas vozes. Uma publicação que não apenas narra seu caso em particular, mas que pretende servir como ferramenta pra qualquer pessoa desenvolver a capacidade de sobreviver a situações vitais dolorosas, angustiantes e injustas. Feli Ibañez foi o responsável por dar forma à obra que foi colocada à venda no dia 24 de abril coincidindo com a diada de Sant Jordi na Catalunha. Na Cali Terpenes nós não poderíamos estar mais felizes por termos tido a oportunidade de apoiar este projeto através de seu patrocínio e incentivamos todos a colaborar com a compra deste livro, pois, além disso, o dinheiro arrecadado será usado pra cobrir os custos que todo o processo legal teve pros implicados. Como diz o título da obra, esperamos que em breve haja na Espanha luz verde pra liberdade com uma regulação do cannabis responsável e de acordo com os tempos atuais.