Cannabis e Glioblastoma: ensaio pioneiro para o tratamento de tumores cerebrais

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A comunidade científica, especialmente aqueles que lutam há anos para estabelecer um marco no qual sejam estudadas as aplicações da cannabis no âmbito médico, está em festa. O ensaio pretende investigar se a combinação de produtos derivados da cannabis e o tratamento tradicional com quimioterapia pode prolongar a vida dos pacientes diagnosticados com glioblastoma.

O que é o Glioblastoma?

O glioblastoma é um tipo de câncer que se desenvolve no cérebro ou na medula espinhal e que, em geral, tem uma grande velocidade de crescimento. Embora esse tipo de tumor possa aparecer em qualquer idade, a prevalência tende a ser maior em homens e pessoas idosas. Os sintomas do glioblastoma incluem:

  • Dor de cabeça.
  • Náuseas e vômitos.
  • Visão turva e/ou convulsões.

O tratamento do glioblastoma normalmente inclui cirurgia, radioterapia e quimioterapia. No entanto, é importante destacar que esse tipo de tumor é invasivo e recorrente, podendo reaparecer. Por isso, é tão importante investigar novos métodos para tratar esse tipo de câncer, pois, aparentemente, vários estudos apontam que certos cannabinoides podem contribuir para interromper o crescimento do tumor.

medicina convencional
A ciência convencional olha a cada dia mais para o poder que reside na natureza, pois estão cada vez mais conscientes da eficácia de muitas plantas medicinais frente a doenças enraizadas na sociedade há muito tempo, como no caso do câncer.

Que estudos existem sobre o tratamento de tumores cerebrais derivados da maconha?

Já em 2021 foi publicada a fase I deste ensaio dirigido pela professora Susan Short, que demonstrou que adicionar um medicamento à base dos cannabinoides THC e CBD administrado por via oral, juntamente com temozolomida (medicamento de quimioterapia). De fato, os pesquisadores desta primeira etapa do ensaio confirmaram que o grupo de pacientes ao qual foi administrada a medicina à base de cannabis tolerava bem o tratamento. Mas não apenas isso, o mais importante é que, um ano depois, a taxa de sobrevivência deste grupo foi maior do que a do grupo que recebeu o placebo. Este ensaio foi realizado com um número muito reduzido de participantes, apenas 27, portanto não pode ser considerado conclusivo, por isso, foi dada passagem à segunda fase que começará em breve e incluirá um grupo muito maior de pacientes.

Segunda etapa do estudo sobre cannabinoides e glioblastoma

Até agora, diversos estudos in vitro apontam que os cannabinoides podem ter efeitos sobre os tumores cancerígenos, incluindo o glioblastoma. Esses estudos demonstraram que esse tipo de tratamento pode frear o crescimento tumoral e que seu uso, em conjunto com a temozolomida, pode ser muito eficaz. Por isso, e pelo sucesso da primeira fase deste ensaio, foi iniciada a fase II que será coordenada pela doutora Susan Short da escola de Medicina da Universidade de Leeds, em coordenação com a Unidade de Ensaios Clínicos da Cancer Research UK na Universidade de Birmingham. Para isso, serão reunidos mais de 230 pacientes que sofrem desse tipo de câncer que, segundo explica a líder do ensaio, é um dos mais desafiadores devido à sua recorrência. Com este novo ensaio se pretende estudar com um grupo muito maior de participantes se efetivamente alguns fármacos específicos à base de cannabinoides podem ajudar as pessoas que sofrem de glioblastoma a viver mais tempo. Se os resultados forem tão positivos quanto os da fase anterior, espera-se que esse tipo de fármaco à base de cannabinoides seja incluído no tratamento desse tipo de tumores cerebrais. Algo que por enquanto não substituiria em nenhum caso o tratamento com temozolomida, o tipo de medicamento de quimioterapia que é aplicado desde 2007 para tratar o glioblastoma, mas que seria adicionado como coadjuvante.

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Existem várias pesquisas para erradicar o câncer de diferentes tipos, pois é uma das doenças graves que mais afetam as pessoas em todo o mundo.

A quem poderia ajudar este novo ensaio clínico com cannabinoides?

Este ambicioso ensaio que pretende reunir mais de duzentos pacientes servirá para ajudar a curto prazo aqueles participantes que decidirem voluntariamente fazer parte do estudo científico. Por um lado, espera-se que as pessoas do grupo que receberá o tratamento à base de cannabinoides se beneficiem, uma vez que tudo aponta que o fármaco oral derivado da cannabis pode retardar e até mesmo parar a progressão dos tumores cerebrais. Aqueles pacientes que fizerem parte do grupo que receberá o placebo somente se beneficiarão do acompanhamento mais rigoroso que será realizado de seu estado. Este ensaio será realizado durante três anos, portanto, será preciso aguardar para conhecer os resultados definitivos. No entanto, espera-se que sejam positivos e que a longo prazo se consiga demonstrar que os medicamentos derivados da cannabis são uma ferramenta para o tratamento do glioblastoma e que podem melhorar e prolongar significativamente a vida dos doentes. Se os resultados desta segunda fase do ensaio forem favoráveis, há a possibilidade de que os pesquisadores ampliem o grupo, incluindo pessoas recém-diagnosticadas com glioblastoma e também com outro tipo de tumores cerebrais.

Conclusões

Este ensaio é um passo significativo tanto para a comunidade científica quanto para os pacientes. Os compostos da cannabis demonstraram ter um grande potencial para o tratamento de várias doenças como Alzheimer, esclerose múltipla ou dor crônica, entre outros. Muito se tem teorizado sobre o potencial anti-tumoral dos cannabinoides; no entanto, ainda é um tema controverso devido à falta de evidência científica. Atualmente, apenas se prescrevem medicamentos derivados da cannabis para aliviar alguns dos efeitos colaterais dos tratamentos contra o câncer, especificamente as náuseas e outros desconfortos decorrentes da quimioterapia. No entanto, se este ensaio obtiver resultados positivos, estaremos diante da possibilidade de um tratamento eficaz para milhares de pacientes que sofrem dessa doença em todo o mundo. Dar acesso aos pacientes a um tratamento seguro, dosado e controlado por um profissional especializado deve ser uma prioridade, portanto, esperamos que se continue avançando nesse sentido e que, no futuro, isso se torne uma realidade.

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Cada vez mais são as pesquisas científicas sobre as propriedades medicinais de elementos da cannabis, como os cannabinoides ou os terpenos. Com certeza, em alguns anos chegarão conclusões que muitos já pensavam há tempo, mas para isso requer estudos científicos nos quais se avalie realmente o poder de cada um dos componentes isolados e em conjunto frente a determinadas patologias.
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